Pesquisar este blog

domingo, 6 de maio de 2012

As certificações e o mercado de trabalho


Olá pessoal, tudo bem?

Vou começar este post com uma pergunta direta: Você acredita nas certificações profissionais?

Se a sua resposta foi sim, você está entre a grande maioria das pessoas que aprova a realização de exames de certificação como uma forma de comprovação das habilidades adquiridas por um profissional.

No entanto, toda vez que se discute o assunto “certificação” uma sensação vem à tona: “O fulano vai lá, estuda através de simulados “testkings” da vida e passa na prova mesmo sem saber do que ela se trata...”

Isso me faz pensar que existem dois tipos de pessoas que se aventuram no mundo das certificações. O primeiro tipo é o do easy way of life, que chamarei carinhosamente de grupo TestKing, composto por aqueles que simplesmente pegam o simulado “de grátis” na internet, decoram e fazem a prova. Já o segundo tipo (espero que seja a maioria) vai pelo caminho das pedras – começam pelo estudo (em sala de aula ou independente), fazem os simulados, para depois comprovarem seus conhecimentos no exame de certificação.

Penso que a prática adotada pelo primeiro grupo, de fato tira um pouco do brilho das certificações, e, infelizmente, não há como negar que a prática é considerada comum no meio da TI.

Porém, eu procuro entender as certificações de um modo mais abrangente. Se uma pessoa se dedicou a estudar um tema específico a ponto de conseguir responder 50, 60 questões de forma correta em um exame de certificação, isso certamente demonstra que pelo menos essa pessoa possui duas qualidades: a primeira é a capacidade de aprendizado, pois, para ser aprovado no exame, este indivíduo preciso ao menos decorar as questões. A segunda é o interesse pelo tema, porque esta pessoa abriu mão de passar algumas horas no seu Playstation para ler e fazer os simulados para poder fazer a prova. Sendo assim, mesmo aqueles que optam por testking ainda obtém vantagens com a certificação.

Já o segundo grupo é composto por aqueles que acreditam na boa fé das pessoas e seguem o ritual da certificação – cursos, estudo, testes, labs e, por fim, a prova. Essas pessoas tem um diferencial ainda maior em relação aos membros do primeiro grupo: elas realmente conhecem o tema e sabem sobre o que estão falando. Fazem questão de montar laboratórios para testar o que estão estudando, visando não apenas a certificação, mas sim aquilo que é mais importante para a vida prática – o conhecimento.

Agora vamos para o lado prático da coisa: Imagine que você esteja contratando alguém e precisa optar entre duas pessoas em uma vaga de emprego, ambas com a mesma formação e qualificadas para a vaga, porém, uma delas com 2 certificações na área e a outra sem nenhuma. Qual das duas você escolheria? Eu não pensaria duas vezes antes de escolher aquela que apresentou as certificações... 

Mas como saber se um candidato é do grupo testking ou não? Isso, meu amigo, só o tempo dirá. Os testkingers tendem a sofrer no dia-a-dia, pois os problemas reais nem sempre aparecem na prova... E nem sempre existe uma resposta pronta para ele no Google. Por isso, avalie todo o contexto, não apenas as certificações. 

Em resumo: para mim, quem tirou a certificação demonstrou mais interesse pelo assunto, foi atrás, descobriu como fazer a prova, estudou (ainda que por testking) e passou na prova. Isso é suficiente para reconhecer que se trata de um profissional diferente da maioria. Não porque é mais inteligente, mas porque é mais interessado.

Em um tempo onde a informação é gratuita, o que diferencia uma pessoa da outra é a capacidade de transformar essa informação em conhecimento, e por consequência, o conhecimento em resultados.
Em resumo: O processo é falho? Sim, certamente... Mas ele não é inválido!

Para os candidatos uma dica:  lembre-se que os contratantes estão avaliando uma série de informações no seu perfil – entre elas o seu interesse pelo assunto, traduzindo, certificações... 

Por isso, se estiver em dúvida se deve ou não fazer determinado curso ou certificação, eu aconselharia: Faça todas que puder, sempre considerando o seu objetivo profissional. Fazer diversas certificações em áreas muito distintas (como por exemplo misturar certificações de infra e de desenvolvimento) podem dar a entender que o profissional não sabe bem qual carreira quer seguir, isso pode ser prejudicial. Escolha a carreira, depois se especialize! Mas faça do jeito certo: Opte pelo conhecimento, não pelo testking!

Saúde e sucesso!
Rodrigo Ramos, PMP

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A empregabilidade do Gerente de Projetos

Olá pessoal, tudo bem?
No meu último post prometi falar um pouco sobre a empregabilidade do gerente de projetos. Não consegui retornar a este tema até hoje, pois estava iniciando uma nova jornada, em uma nova empresa. Este post é um complemento de um post antigo sobre a característica temporária deste profissional. (Link para este post: http://mundopmp.blogspot.com.br/2011/11/o-gerente-de-projetos-um-profissional.html).

Não pretendo fazer um tratado sobre empregabilidade, apenas relatar fatos que ocorreram comigo nos últimos anos, além de alguns relatos de colegas de profissão.

Quando decidi dar um rumo diferente para a minha carreira, deixando de ser um engenheiro para me tornar gerente de projetos, fiz o que todos deveriam fazer antes de escolher uma profissão. Eu estava escolhendo a minha pela segunda vez, então pensei em uma estratégia para isso: classificados! A minha estratégia consistiu em analisar o que eu poderia oferecer com a minha formação e experiência profissional, e com isso avaliei quais eram as profissões nas quais meu perfil se enquadrava, e, de posse disso, passei a estudar anúncios da seção de empregos dos jornais e sites especializados. Logo percebi que havia uma ligação forte entre o meu histórico profissional e a função de gerente de projetos, e o melhor, o mercado estava precisando (e muito!) deste tipo de profissional.

Isso aconteceu há quase 8 anos atrás. Muita coisa mudou. A profissão ganhou reconhecimento e os profissionais passaram a ser assediados pelas empresas, pois estas logo perceberam que ter um profissional especialista na gestão de projetos poderia aumentar significativamente a chance de sucesso nas suas empreitadas.

E com isso o mercado mudou. Hoje em algumas áreas como TI, Engenharia, Automação de processos, Telecom, Civil entre outras, não se executa um projeto sem que haja ao menos um profissional em gestão de projetos. Isso faz com que a mobilidade desses profissionais seja enorme, trazendo consigo uma certa "guerra mercadológica" pelos melhores profissionais, mas é claro que sempre sobram vagas para aqueles que estão começando a carreira!

Se você está pensando em entrar nessa, reforço uma dica antiga: certificações são muito importantes, mas elas não garantem seu ingresso nesse mercado. Ter experiência técnica é um grande diferencial para poder começar nesta área sem grandes sustos. Cursos de especialização na área também são importantes. E é claro, acumule experiência. Só ela trará o conjunto de habilidades necessárias para ser bem sucedido nessa carreira.

Se você já está nessa há algum tempo, aproveite a boa fase que estamos vivendo e vá à luta! Existem muitas vagas esperando por profissionais preparados e dispostos a encarar a luta diária da carreira de gestão de projetos!

Saúde e sucesso!

Rodrigo Ramos, PMP

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Metodologias ágeis - segunda parte

Olá pessoal, tudo bem?

Algumas mudanças aconteceram na minha vida profissional nos últimos dias, dias corridos e cheios de surpresas, a grande maioria boas surpresas. Vou dedicar uma postagem para falar exclusivamente da empregabilidade do gerente de projetos, mas esse é um outro assunto...

Voltando à ativa no blog, gostaria de retomar as questões que discuti no meu penúltimo post, quando comecei a falar sobre metodologias ágeis e sua origem nos projetos de criação de produtos.
Naquele post fiz menção de que a metodologia PMI não era adequada a projetos de desenvolvimento de produtos, devido ao alto grau de incertezas presentes nesse tipo de projeto, este post é para defender esse ponto de vista, sem querer ser o dono da verdade, mas fazendo uma análise crítica sobre os prós e contras para que vocês possam tirar suas próprias conclusões.

Em ambientes de projeto convencionais, baseados no PMI, o termo requisição de mudança ou change request normalmente causa arrepios em muitos stakeholders. Mudanças normalmente não são benvindas em projetos. Mudanças (em geral) não são benvindas em nossas vidas. Somos moldados para resistir à mudança pelos nossos costumes, hábitos, crenças, etc, etc, etc... sem nos lembrarmos que foi a mudança que deu origem à raça humana....

Pois bem, depois da divagação, vamos voltar ao ambiente de projeto. Imagine que você está gerenciando um projeto e tudo está caminhando bem, os prazos estão sendo cumpridos, o orçamento, apesar de apertado, vai cobrir todo o restante do trabalho e o status de completude está em 95%. Você e a equipe já estão em ritmo de festa, planejando o que irão fazer no próximo fim de semana, coisa e tal, quando um gerente do negócio entra na sala (claro que isso sempre acontece às sextas-feiras às 17 e alguma coisa...) e diz aquilo que todos não querem escutar: "Pessoal, acabamos de sair de uma reunião, e a diretoria precisa mudar um pouco o projeto..." Não preciso dizer qual seria a cara de quase todos os membros da equipe, que dirá a do gerente do projeto. O pensamento "poxa, logo agora que a gente ia terminar esse projeto???" quase sempre vem à cabeça de todos...

Sob a ótica do PMI serão mais horas e horas de replanejamento, retrabalho, documentos, procedimentos e tudo o mais que normalmente é exigido para controlar uma mudança. O ímpeto humano de resistir aparece forte como o incrível Hulk e a reação é quase sempre a de dizer "ah, isso não dá pra fazer"...

Quantos de vocês já não tiveram vontade ou fizeram isso nessas situações? Acredito que muitos...

Mas porque somos tão avessos à mudanças? Por que ninguém gosta de trabalhar com incertezas... A incerteza gera insegurança, e isso mina as resistências de qualquer um. Outra coisa é que as mudanças normalmente não são acompanhadas de um aumento de prazo, ou de mais verba para o projeto. Tem que mudar e pronto!

A visão sobre as mudanças instituída pelos métodos ágeis é de que elas são inevitáveis, e muitas vezes são benéficas ao produto que o projeto está produzindo (principalmente em projetos com alto grau de incerteza), sendo assim, lutar contra as mudanças é inútil, pois elas SEMPRE ocorrerão. Então vamos encara-las como parte do projeto, e vamos trata-las adequadamente para que elas sejam encaixadas no plano.

A vantagem do método ágil para o tradicional neste quesito é que, como a mudança é esperada, a equipe não fica surpresa com isso (e nem o GP), e existe um fluxo pré-combinado com os stakeholders, onde as mudanças são avaliadas, mensuradas e então implementadas em prazo exequível. Tudo numa boa... E como o produto vai sendo desenhado de forma progressiva, e entregue em pacotes funcionais, as mudanças normalmente não são tão impactantes para o projeto como um todo, pois o que foi entregue e aceito está pronto, desse modo a mudança não impactará nos itens já entregues.

Parece sonho? Mágica? É... na prática as coisas nem sempre são assim... Mas mudar a atitude diante de uma mudança não planejada já é o primeiro passo para parar de sofrer com ela... Pense nisso!

Saúde e sucesso!