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terça-feira, 3 de maio de 2011

Gerente de projetos: Qual o perfil ideal: especialista ou generalista?


Quantas vezes não nos deparamos com anúncios de vagas para GP que têm como requisitos para a candidatura alguma certificação ou conhecimento técnico no ramo de atuação da empresa que está contratando? 

Confesso: dos muitos anúncios que li para criar esse post, TODOS eles pediam ao menos conhecimentos na área de atuação das empresas contratantes, além dos conhecimentos em gerenciamento de projetos.

Resolvi abordar o tema da especialização no campo de gerenciamento de projetos por alguns motivos, entre eles o fato de estar atuando em TI hoje em dia, apesar da minha formação acadêmica ser na área de engenharia elétrica.

Comecei a me envolver com gerenciamento de projetos ainda na engenharia, mais especificamente em automação de processos. No entanto, a vida de viagens me impedia de voltar à sala de aula e fazer uma especialização ou uma pós-graduação. Sabia que esse caminho cobraria seu preço mais para frente na minha carreira e por isso resolvi trocar a automação pela TI, sempre dentro do escopo do gerenciamento de projetos.

Inicialmente pensava que um gerente de projetos não precisaria obrigatoriamente ter grande vivência na área de atuação do seu projeto, afinal, ele tinha que ser especialista em gerenciamento de projetos, não nas disciplinas técnicas relacionadas ao produto.

Armei-me de coragem e fui tentar a sorte na TI. Obviamente, aquilo não era totalmente desconhecido para mim, afinal, nos meus projetos de engenheiro a maior parte do tempo tratava de assuntos referentes a desenvolvimento de aplicações e configuração de servidores. 

Sofri com a discriminação de empresas que queriam um gerente de projetos vindo da área técnica, que conhecessem a fundo linguagens de programação entre outras coisas. Cheguei até a criticar o pessoal do RH dessas empresas, por não acreditar que esta fosse a melhor opção para um GP. Por fim acabei entrando na área que tinha mais afinidade com a engenharia, os projetos de infraestrutura e Datacenter.

Com o tempo, percebi que o grau de informação e conhecimento técnico que estava sendo requisitado pelo trabalho de GP na TI era muito maior do que eu esperava, e isso me surpreendeu… Nesse mundo, se o GP não tiver conhecimento, ao menos mediano, em infraestrutura, alguma coisa de banco de dados e desenvolvimento, sua vida será, no mínimo, desgastante. Solução que eu encontrei? Estudar e melhorar meu conhecimento técnico, não em GP, mas em TI…

Hoje, depois de cerca de 4 anos na área, percebo que o investimento de tempo e dinheiro nesse estudo valeu a pena. Não sou especialista, mas também não sou leigo! Isso é de fundamental importância ao discutir o planejamento de um novo projeto com a equipe, ao apresentar alternativas para contorno de problemas no projeto e para discutir abertamente os pontos de dúvidas.

Depois de muito pensar sobre isso, me pergunto novamente: que tipo de gerente de projetos o mercado procura? A resposta que eu acho mais interessante é: O mercado sempre procura super-heróis - porém nenhum de nós nasceu em Krypton…

E a solução que eu acho ser a melhor é:

Passo 1: Ser especialista no que você faz: GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Lembre-se: esta é a sua profissão! E por si só, ela já conta com um volume de conhecimento enorme. Dedique-se a conhecê-lo por completo. Estude e desenvolva seu perfil profissional.

Passo 2: Seja generalista na sua área de atuação.
Hoje percebo que, se não impossível, é inviável gerenciar um projeto onde não se tem idéia do que será ou de como funciona o seu produto. Se você atua na construção civil e não é engenheiro civil, terá problemas… Se atua em estaleiros e não é engenheiro naval, terá problemas… Portanto, ter algum conhecimento técnico na sua área de atuação é um dos pontos críticos de sucesso da sua carreira.

Porém, atenção para não tentar “roubar a cena”. Nós, gerentes de projetos, somos coadjuvantes na produção do produto. Isso cabe aos especialistas de verdade - consultores, técnicos, etc. Se você atuava como uma liderança técnica de projetos e outros cargos afins antes de se tornar um GP, saiba que o seu lugar agora é outro. Nesse ponto ficamos nos bastidores. O ponto de equilíbrio, ao meu ver, é atingido quando se tem o conhecimento necessário para não ser pego de surpresa pelos clientes e se consegue conversar sobre assuntos técnicos sem muitos detalhes com os membros da equipe.

A conclusão que eu tirei pela experiência que vivi na área de informática é que, de fato, é muito importante possuir algum conhecimento técnico na área de atuação da empresa que você representa. Hoje olho para trás e vejo que aqueles analistas de RH que pediam conhecimento específicos da área (os quais eu cheguei a criticar) não estavam tão errados. De fato isso é realmente um diferencial, e um fator importante no sucesso dos projetos.

Mas além disso, é fundamental que você conheça a fundo as técnicas do gerenciamento de projetos, afinal, você normalmente terá uma equipe técnica para lidar com os assuntos referentes ao produto do projeto, mas quase nunca terá a quem recorrer para tratar os assuntos do gerenciamento deste projeto, portanto, se tiver que focar em uma das áreas, foque na Gestão de Projetos.

Sucesso e saúde,
Rodrigo Ramos, PMP