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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Gestão de riscos em projetos – Uma prática ainda pouco difundida…

Após a sessão de explicações sobre como se tornar um profissional certificado PMP, começo uma sessão de discussão sobre alguns temas relevantes para o gerenciamento de projetos, que normalmente não são levados tão a sério quanto deveriam ser pela maioria dos GPs que tenho contato.

Um desses tópicos é a gestão de riscos de projetos.

A gestão de riscos de projetos é tão importante que alguns autores sobre o tema chegam a afirmar que gerenciar projetos se resume a gerenciar riscos. Esta visão, um tanto simplista, do processo de gerenciamento de projetos, demonstra a forte associação existente entre a criação de algo novo, inédito e sem referências passadas, ao risco associado a esta empreitada.
O guia PMBOK (2008) define risco como sendo “um evento ou uma condição incerta que, se ocorrer, tem efeito em pelo menos um objetivo do projeto”. A abordagem do PMI não denota risco como um evento necessariamente ruim, mas sim como um evento que gera impactos, negativos ou positivos, em algum objetivo do projeto.

Os componentes básicos do risco são:
  • Potencial de perdas e danos.
  • Incerteza de perdas e danos.
  • Relevância das perdas e danos.
O risco é uma característica comum a todos os projetos. Projetos são abstrações de um trabalho futuro, inovador e coberto por incertezas, sejam pelas suposições utilizadas para efeito de planejamento, sejam pelo ambiente onde o projeto será implementado ou por fatores externos, às vezes desconhecidos, aos quais o ambiente do projeto está associado. 

Ainda que os riscos dos projetos não possam ser eliminados completamente, a aplicação de uma metodologia estruturada para identificação, análise, controle e resposta aos riscos contribui para que eventos não previstos inicialmente pela equipe do projeto possam ser tratados segundo uma ordem pré-estabelecida. Essa abordagem auxilia a equipe em todas as fases do processo de gerenciamento de riscos, contribuindo para que o projeto seja bem sucedido em seus objetivos.

Muitas das decisões que ocorrem no projeto acontecem por causa dos riscos. Por este motivo é necessário ter um bom controle dos riscos que podem acontecer e ter estratégias para lidar com eles.
Normalmente no dia a dia dos gerentes de projetos se resume ao PMI. De fato, o PMI traz uma abordagem bastante ampla ao gerenciamento de riscos, no entanto, o gerenciamento de riscos é muito mais antigo do que o próprio gerenciamento de projetos, e existem diversos frameworks que abordam essa questão além do PMBOK.

Podemos citar como exemplo a norma ISO/IEC 12207, que é a primeira norma internacional que descreve as atividades do ciclo de vida de um software, ou o modelo do CMMi, que visa à melhoria da maturidade dos processos de desenvolvimento de software.

Esses são apenas alguns exemplos, focados na área de desenvolvimento de aplicativos. Existem muitos outros modelos voltados para o mercado financeiro, seguros, investimentos em projetos e outros, que podem ser utilizados como base para criação de um padrão de gerenciamento de riscos para projetos.

O lado bom é que praticamente todos os frameworks compartilham uma estrutura de processos, e as semelhanças entre eles são muito maiores do que as diferenças. Essa estrutura se resume a alguns passos seqüenciais – 1. Planejamento, 2. Identificação, 3. Análise, 4. Tratamento e 5. Monitoração dos riscos. Se você estiver se lembrando do PMBOK nesse momento, não é fique surpreso. Os passos descritos aqui são os mesmos que o PMBOK descreve, afinal, o próprio PMBOK é uma compilação de práticas já reconhecidas.

Mas porque o gerenciamento de risco não é uma prática comum no gerenciamento de projetos?
Muitos GPs alegam que para poderem usar a gestão de riscos de forma adequada é necessário um histórico de projetos semelhantes, com o qual se possa obter uma lista de riscos detalhada, com todos os impactos que ocorreram no projeto entre outras informações.

Essa “desculpa” não deveria ser sequer cogitada. Qualquer estimativa, por pior que seja, sempre é melhor do que não ter nenhuma estimativa. E como podemos nos valer dessa desculpa, se queremos melhorar o histórico de projetos da organização? Vale a máxima, o que veio primeiro: o ovo ou a galinha? 

Independente de qual framework você utilize, o importante é sempre se lembrar da importância dos riscos em um projeto. Não importa qual metodologia você considera a melhor, o que realmente importa é que o gerenciamento de riscos seja levado a sério, pois é o fator mais crítico de qualquer projeto, desde os mais simples até os mais complexos.

Saúde e sucesso!
Rodrigo Ramos, PMP